APATIA ECONÔMICA AMEAÇA OS
EMPREGOS DE ALTOS EXECUTIVOS
Executivos estão apreensivos a pesar dos altos salários |
O número de executivos em cargo de presidência que estão em
busca de um novo emprego disparou no primeiro trimestre, segundo dados de
companhias de recrutamento que atuam no país. O volume de currículos desses
profissionais hoje em mãos de "headhunters" (especialistas em
contratação para cargos de alto escalão) já é o triplo do registrado nos
primeiros três meses de 2014, conforme levantamento da Page Executive, uma das
companhias líderes do setor.
É o que revela uma pesquisa divulgada neste domingo pelo
jornal Folha de São Paulo. Segundo Adriana Cambiaghi, diretora-associada da
Robert Half, outra empresa de seleção, neste ano, chegou a inaugurar uma
divisão especializada na contratação de presidentes e diretores, com ganhos
anuais a partir de R$ 380 mil. Segundo a reportagem, o que eleva a oferta da
mão de obra de alto escalão são momentos econômicos como o atual
"A pressão por eficiência está muito forte, por
melhoria dos processos fabris, geração de receitas e corte de custos", diz
Cambiaghi.
"O executivo desse nível sabe que será desligado
depois de um tempo se não atingir o desempenho planejado", diz Fernando
Andraus, diretor da Page Executive.
Segundo ele, a quantidade atual de presidentes em busca de
vagas é comparável ao nível observado em 2008, ano de crise internacional que
achatou bônus e desencadeou demissões nas cúpulas de empresas globalmente.
"Desde então, houve um período, entre 2010 e 2013,
favorável para a expansão dos negócios, em que havia menos executivos
qualificados disponíveis", afirma.
Nem todos os que agora se oferecem aos recrutadores estão
desempregados. Cerca de 40% ainda têm trabalho, segundo a Page.
Estão, porém, insatisfeitos, receosos ou cientes de que os
desdobramentos da conjuntura econômica podem forçá-los a sair, afirma Eduardo
Bahi, consultor de transição de carreiras da Thomas Case.
É o caso do presidente de uma companhia de construção de
médio porte, que pediu para não ser identificado. Ele está negociando a venda
do controle da empresa a um fundo de "private equity".
"Os ativos estão mais baratos, o que estimula as
aquisições. É natural que eu tenha de deixar o posto quando a negociação for
concluída", conta o profissional.
A realidade não se restringe às vagas de presidente. O
diretor da Page Executive diz que, dentre as recolocações em que estão
trabalhando, um terço é formada por diretores financeiros e de operações,
cargos essenciais para reestruturações. Segundo Andraus, 50% deles são de
empresas com faturamentos superior a R$ 1 bilhão anual.
Em tempos de maior oferta de currículos, naturalmente, a
remuneração acaba achatada. Segundo Cambiaghi, alguns só encontram novas vagas
com salários 10% mais baixos.
Fernanda Siqueira, que responde pela Hays Executive no
Brasil, afirma que parte das demissões no alto escalão ocorre em empresas que
precisam cortar custos.
"Fazem isso ao contratarem executivos por salários
mais baixos, uma vez que não podem reduzir salários de trabalhadores
empregados."
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