CONTRATOS DE
PUBLICIDADE
ABASTECIAM PROPINODUTOS
O juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da
Operação Lava Jato, disse nesta terça (14) que a dimensão dos crimes envolvendo
contratos de publicidade do governo são maiores do que a cogitada inicialmente
pelos investigadores. A conclusão consta na decisão em que Moro justifica
a manutenção da prisão de Ricardo Hoffmann, diretor da agência de publicidade
Borghi/Lowe, para evitar novos crimes.
Moro diz que durante as buscas e apreensões feitas na casa
do ex-deputado André Vargas, preso na semana passada na décima primeira fase da
Lava Jato, a Polícia Federal (PF) encontrou uma planilha na qual consta que uma
das empresas de Vargas recebeu pagamentos de R$ 3,7 milhões “por parte de duas
centenas" de empresas ligadas ao ramo publicitário.
A PF suspeita que a agência Borghi/Lowe, que presta
serviços ao Ministério da Saúde e à Caixa Econômica Federal, contratou as
agências E-noise, Luis Portela, Conspiração, Sagaz e Zulu e orientou que
pagamentos de bônus de volume (comissões pela veiculação) fossem feitos às
empresas Limiar e LSI, controladas por André Vargas e seus irmãos. De acordo
com o juiz, foram identificados pela Receita Federal “pagamentos vultosos”
sem a comprovação dos serviços.
Na decisão proferida hoje, Moro diz que, em depoimento à
PF, Hoffmann confirmou que houve uma determinação para que os pagamentos de
bônus de volume fossem feitos em troca da indicação de clientes privados”.
"Esses créditos foram cedidos a LSI e Limiar [empresas
de Vargas], tendo como contrapartida a perspectiva de se conseguir clientes
privados no estado do Paraná; que essa foi a promessa dada pelo ex-deputado
André Vargas; que essa perspectiva não foi atendida, não conseguindo o
ex-deputado angariar cliente algum para a Borghi/ Lowe; que a decisão de ceder
os créditos dos fornecedores às empresas LSI e Limiar foi de José Borghi,
presidente de Borghi/Lowe”, Hoffmann.
Segundo Moro, a confirmação dos pagamentos revela, a
princípio, que o dinheiro era oriundo da Administração Pública". A falta,
em princípio, de consistência do depoimento reforça o quadro probatório no
sentido de que os valores pagos pela Borghi/Lowe, por intermédio dos
prestadores de serviço, a André Vargas, consistiram em propina paga pela
agência de publicidade a André Vargas por contratos com a Administração Pública
Federal”.
O juiz mandou soltar hoje Ivan Vernon, ex-assessor do PP,
Elia Santos da Hora, ex-secretária de Luiz Argôlo, e Leon Vargas, irmão de
André Vargas. Todos foram presos na semana passada pela Polícia Federal.
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