CGU NÃO INVESTIGOU A SBM
PARA SALVAR A REELEIÇÃO
A Controladoria-Geral da União (CGU) recebeu, durante a
campanha eleitoral, provas de que a holandesa SBM Offshore pagou propina para
obter contratos com a Petrobras, mas só abriu processo contra a empresa
estrangeira para impedir que mais esse escândalo de suborno atrapalhasse a
reeleição da presidente Dilma Rousseff no segundo turno. As informações são do
jornal Folha de S. Paulo.
Em entrevista para a Folha, o britânico Jonathan David
Taylor, ex-diretor da SBM, disse que entregou para a CGU, órgão de fiscalização
subordinado à Presidência, mil páginas de documentos internos da empresa
holandesa com provas das irregularidades. Segundo Taylor, os dados foram
repassados entre agosto e outubro de 2014.
O ex-diretor da SBM disse que foi sua a iniciativa de
procurar a CGU e relatou que, em 27 de agosto, entregou ao órgão o relatório de
uma auditoria interna da SBM, mensagens eletrônicas, contratos com o lobista
Júlio Faerman, extratos de depósitos em paraísos fiscais, a gravação de uma
reunião da empresa e uma lista com nomes da Petrobras. Mesmo com todos esses
dados, a CGU só anunciou a abertura do processo contra a SBM Offshore em 12 de
novembro - 17 dias depois do segundo turno das eleições.
Para Taylor, a demora da CGU atendeu a interesses
eleitoreiros. "A única conclusão que posso tirar disso é que essas partes
queriam proteger o Partido dos Trabalhadores e a presidente Dilma Rousseff ao
atrasar o anúncio dessas investigações para evitar um negativo impacto nas
eleições. E para a SBM era importante ter uma sobrevida com os contratos no
Brasil", afirmou o britânico na entrevista à Folha.
A SBM Offshore é a maior fabricante de plataformas
marítimas de exploração de petróleo do mundo. Taylor é apontado como o
responsável por vazar a conclusão de uma investigação interna da empresa que
constatou pagamentos de propina em diversos países. Conforme revelou VEJA em
fevereiro 2014, o esquema no Brasil era comandado pelo empresário Júlio
Faerman, um dos mais influentes lobistas do setor. Ele assinava contratos de
consultoria com a SBM que serviam para repassar o dinheiro de propina para diretores
da Petrobras.
Em depoimento na CPI da Petrobras, o delator Pedro Barusco,
ex-gerente de Serviços da estatal, afirmou que a SBM doou 300 mil reais de
forma irregular para a campanha de Dilma em 2010.
Ouvida pela Folha, a CGU negou qualquer irregularidade e
disse que abriu o processo contra a SBM em novembro porque foi quando encontrou
"indícios mínimos de autoria e materialidade" sobre o caso.
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