DIPLOMATA EDUARDO SABOIA
DEVE
PRESTAR DEPOIMENTO NA
QUINTA
O diplomata Eduardo Paes Saboia, ex encarregado de Negócios do Brasil na
Bolívia, que coordenou a retirada do senador de oposição Roger Pinto Molina de
La Paz, será ouvido na próxima quinta-feira (12) pela comissão de
sindicância que apura a atuação dele no caso. O advogado do diplomata, Ophir
Cavalcante, insiste com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) que,
para Saboia prestar esclarecimentos, é fundamental a obtenção de cópias dos
documentos trocados entre o órgão e o Palácio do Planalto no período em que o
boliviano ficou abrigado na embaixada brasileira.
“Precisamos desses documentos para ajudar na elaboração de defesa de
Saboia. É um direito da defesa ter acesso a esse material”, diz Ophir
Cavalcante. O advogado pede acesso aos chamados memorandos, que são documentos
trocados pela Embaixada do Brasil na Bolívia, o Itamaraty e a Presidência da
República. O pedido ainda não foi atendido pela comissão. A solicitação foi
feita há sete dias. Ophir disse que o objetivo de ter acesso à documentação é mostrar
que Saboia “não quebrou hierarquia”.
A defesa pediu para ter acesso não só aos memorados, mas a todos os
telegramas diplomáticos trocados envolvendo o assunto – de 28 de maio de 2012,
quando Pinto Molina pediu abrigo na embaixada, a 24 de agosto, quando ele
chegou ao Brasil. Segundo a defesa de Saboia, o diplomata relatou, em detalhes,
o que ocorria com o senador boliviano.
Em junho de 2012, o Brasil concedeu asilo diplomático ao senador, mas o
governo boliviano não deu o salvo-conduto para ele deixar o país. Pinto Molina foi retirado da Bolívia rumo ao
Brasil em uma operação organizada por Saboia, desencadeando uma crise
diplomática. O então chanceler Antônio Patriota foi substituído por Luiz
Alberto Figueiredo Machado.
No Brasil há duas semanas, Pinto Molina ficou abrigado por 455 dias na
embaixada brasileira em La Paz. O governo de Evo Morales classifica o
parlamentar como um “delinquente comum”. O senador nega as acusações relativas
a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, são mais de 20 processos.
Na semana passada chegou a Brasília uma missão boliviana de alto nível, formada
por três ministros e integrantes do Ministério Público, com o objetivo de
apresentar documentos ao Ministério da Justiça sobre os processos judiciais
envolvendo Molina. (Agência Brasil).
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