CORTES DO AJUSTE FISCAL AFETAM
ATÉ O CONTROLE DAS FRONTEIRAS
O
contingenciamento orçamentário de R$ 69,9 Bilhões, anunciado pelo governo
federal, pode colocar em risco o andamento do Sistema Integrado de
Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), o principal programa do Exército para
controle de uma faixa de 16.886 quilômetros (km) de fronteiras no país.
Projetado inicialmente para receber R$ 1 bilhão por ano, pelo prazo de 11 anos,
o programa vem sendo tocado pelo Exército desde 2012 com orçamento anual
inferior a R$ 300 milhões, com ajuda da Savis – empresa subsidiária da Embraer,
criada para tocar o projeto-piloto em Dourados (MS), a 122 km da fronteira com
o Paraguai.
O General Rui Yutaka Matsuda, diz que o corte de orçamento pode inviabilizar monitoramento de fronteiras (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil) |
O
orçamento já estava reduzido antes mesmo do anúncio de cortes, divulgado na
semana passada.
“O
Sisfron poderá ser inviabilizado, caso fiquemos longo período sem receber os
recursos previstos. Tudo dependerá do fôlego das empresas. Por enquanto,
conseguimos manter o projeto, apesar das dificuldades. Mas estamos andando de
lado e com uma capacidade muito aquém do que havia sido planejado”, disse o
general responsável pelo projeto-piloto, Rui Yutaka Matsuda.
Segundo
ele, o ritmo lento poderá encarecer o projeto. “Há o risco de as empresas
pararem de produzir [em larga escala], caso haja descontinuidade [das demandas
por produtos e serviços]. Se fecharem temporariamente, será aquela situação de
demitir e recontratar, que é muito complicada e acaba aumentando o custo final.
É uma situação difícil, mas os cortes valem para todos, o que requer esforços
de todos os lados. Não seria diferente aqui”, acrescentou o general.
Presidente
da Savis, Marcus Tollendal diz que o risco de o negócio ficar inviável “está
cada vez maior”, principalmente após o recente anúncio de contingenciamento dos
gastos governamentais. Segundo ele, pouco mais de 60% do cronograma físico e
financeiro do programa foram concluídos. "Nosso nível de preocupação com o
contingenciamento é alto. Isso gera um cenário de incertezas complicado para
qualquer empresa. Principalmente para aquelas que precisam trabalhar com
horizonte de pelo menos dois anos, como é o nosso caso”, disse Tollendal.
Segundo ele, a primeira etapa do projeto, destinada a cobrir 650 km de
fronteira, teve a previsão de conclusão adiada de abril de 2016 “para meados de
2017”. Isso, acrescentou ele, já está refletindo em mais gastos para a empresa.
Segundo
ele, a opção por implantar a primeira etapa em Dourados se deve à posição
estratégica, devido à alta incidência de crimes como tráfico de drogas e crimes
ambientais, e pelas características de relevo, que favorecem a transmissão de
dados por micro-ondas. Além disso, acrescenta o general, já havia ali uma
brigada militar consolidada, que conta com o apoio da população.
Ainda não
foi decidido onde serão implantadas as próximas etapas do programa. “Não há
dúvida de que há nesse contexto uma vertente política. Como os estados querem
receber o programa, a gente tem percebido uma disputa entre os governos do
Paraná e de Mato Grosso para ver quem receberá a segunda etapa do programa.
Para nós, isso é ótimo”, disse o militar. *O repórter da Agência Brasil viajou a convite da Embraer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário