segunda-feira, 22 de setembro de 2014

ELEITOR VAI VOTAR EM URNAS
QUE NÃO FORAM TESTADAS 
Antes das eleições de 2012, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) convocou um grupo de  pesquisadores, que  tiveram apenas três dias para fazer seus testes com eleições simuladas e com votantes fictícios, mas respeitando os procedimentos oficiais utilizados no dia da eleição, explica o coordenador do grupo e professor da UnB, Diego Aranha. Segundo Amilcar Brunazo Filho, engenheiro e moderador do Fórum Voto Eletrônico, a equipe de Diego queria testar a identificação e o desvio de votos, mas, por falta de tempo para executar os exames, teve de focar apenas na primeira etapa.
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Segundo reportagem do portal Terra (“Tenologia”), publicado em 20 de setembro de 2012, em pouco tempo de pesquisa, foram identificadas falhas preocupantes no programa usado nas urnas. "Já na primeira hora de estudo do software, encontramos uma vulnerabilidade que nos permitiu derrotar o único mecanismo implementado para proteger o sigilo do voto", relata Aranha. A falha estava na parte do sistema responsável por fazer o embaralhamento dos votos gravados, o que garante que a escolha do eleitor seja secreta. "O Diego conseguiu desembaralhar os votos, e fazendo isso é possível saber quem votou. Associado aos registros do arquivo que diz que horas os eventos ocorreram, ele conseguiu saber que horário tal eleitor votou", explica Brunazo Filho. Aranha ressalta que com esta metodologia foi possível apontar com uma certeza matemática as escolhas de cada eleitor. "Após outros testes, também descobrimos que o mesmo método pode ser empregado para recuperar um voto específico", acrescenta.
O professor da UnB afirma que "muitos mecanismos de segurança parecem ter sido projetados apenas para resistir a atacantes externos, falhando quando existe uma ação de um agente interno". Para driblar estes problemas, bastaria fazer a correção da ferramenta de embaralhamento de votos, através de recursos presentes já na própria urna. O engenheiro Brunazo Filho, entretanto, acredita em outra solução. "A quebra do sigilo só é possível porque é feito no computador e através dele é possível determinar a sequência dos votos. O problema do voto eletrônico é que ele depende do software, então basta que haja outra forma independente". Além disso, Brunazo Filho lembra que o sistema brasileiro é o único que fornece informações dos eleitores ao sistema, na hora da votação, o que compromete o sigilo.
Nos aparelhos da terceira geração, já presentes na Argentina, as cédulas de papel carregam um chip de radiofrequência e são inseridas em um aparelho. Em uma tela de touchscreen, o eleitor escolhe seu candidato, e o voto é registrado em versão impressa e eletrônica. Depois disso, o eleitor pode conferir sua escolha em uma segunda máquina. Basta encostar o chip no leitor para ver se a foto é realmente do candidato escolhido. "O importante é que você tenha uma segunda via que não possa ser modificada pelo software", ressalta Brunazo. 
O moderador do Fórum Voto Eletrônico acompanhou as últimas eleições no país portenho e pode comprovar que a contagem através dos chips torna a apuração mais rápida.
Brunazo Filho relata que as urnas eletrônicas brasileiras já foram recusadas em alguns países, como Alemanha e Holanda, por serem consideradas inconstitucionais. "Isso porque o eleitor não pode conferir o seu voto", explica. Aranha enxerga um futuro positivo e acredita que uma mudança no sistema brasileiro é possível: "Não vejo qualquer obstáculo técnico para produzirmos tecnologia equivalente à argentina no Brasil", completa.
Nas eleições gerais deste, cuja campanha está atingindo um elevado grau de tensão entre os três principais candidatos – Dilma, Marina Aécio – o TSE decidiu que não seria necessário fazer tal verificação. Para azar dos ministros do TSE, um internauta descobriu esta semana no YouTube um vídeo produzido por um grupo de pesquisadores da Universidade de Princeton, relatando como é fácil alterar os resultados das eleições com um programa espião. No vídeo, os pesquisadores demonstram que, em menos de l minuto, é possível “inseminar” as urnas com um vídeo espião, que irá adulterar os votos registrados na urna. A pesquisa foi feita em uma urna fabricada pela empresa Diebold, empresa que produz as urnas fabricadas no Brasil e o vídeo está disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=VnH_ElxR6jY
Para quem assistiu ao escândalo da Proconsult nas eleições de 1982, onde a empresa contratada pelo TRe/RJ para totalizar os mapas de apuração, usou um desvio padrão – o Fator Delta – para adulterar o resultado e beneficiando o candidato Moerieea Franco, que disputava o cargo de Governador do Rio de Janeiro com Leonel Brizola. Alertado por amigos especializados em informática, Brizola convocou uma entrevista coletiva e denunciou o esquema fraudulento.
Agora, sem Brizola e sem um técnico que tenha testado e verificado possíveis falhas nas nossas urnas, o eleitor terá que rezar para não ser lesado por um nofo Fator Delta!

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