PT NÃO VIAJA À VENEZUELA PARA
APOIAR OS PRESOS
POLÍTICOS
O grupo de senadores que irá à Venezuela prestar apoio a
líderes oposicionistas presos naquele país, na próxima quinta-feira (18), não
terá representantes do PT. A informação é do presidente da Comissão de Relações
Exteriores (CRE) do Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), que organizou a missão
oficial ao país vizinho. Segundo o tucano, nenhum senador do PT demonstrou
interesse em integrar a comitiva. E poderiam tê-lo feito – são seis os membros
petistas na CRE, metade dos quais titular, e bastaria uma comunicação formal ao
comando do colegiado para que a viagem com o grupo fosse viabilizada. Não por
acaso, a presidenta Dilma Rousseff tem dito que a soberania venezuelana deve
ser respeitada, e que a animosidade política deve ser resolvida internamente,
sem interferência de outras nações.
“O Partido dos Trabalhadores apoia o governo atual da
Venezuela, de modo que no grupo haverá somente senadores da oposição e alguns
da base do governo”, comentou Aloysio.
A empreitada à Venezuela atende a uma súplica feita por
familiares dos presos em audiência pública realizada em maio na CRE. Na
ocasião, Lilian Tintori, mulher do líder do partido de oposição Vontade
Popular, Leopoldo López, relatou à comissão o drama por que passa seu marido.
López está preso desde fevereiro de 2014 sob acusação de “instigação pública”,
danos a propriedades, formação de quadrilha e incêndio.
Ele foi um dos protagonistas dos protestos que, naquele
ano, levou milhões de venezuelanos às ruas contra o governo do chavista Nicolás
Maduro, quando houve confrontos violentos com a polícia. López iniciou uma
greve de fome há 20 dias, perdeu dez quilos no processo e, segundo Lilian
Tintori, em declaração feita ontem (segunda, 15), manterá o protesto. Ela
denunciou que o marido não teve avaliação médica adequada, supostamente por
descaso por parte das autoridades venezuelanas.
Os senadores devem ser recebidos no país pelas esposas dos
líderes de oposição a Maduro. Além de Lilian Tintori, estarão no aeroporto de
Caracas nesta quinta-feira (18) as mulheres do ex-prefeito da cidade Antonio
Ledezma e do ex-prefeito de San Cristobal Daniel Ceballos. O grupo deve chegar
à capital da Venezuela em avião de carreira, uma vez que ainda não foi remetida
ao Brasil a autorização para que um avião da Força Aérea Brasileira (FAB)
pousasse em território venezuelano.
A autorização era esperada para esta terça-feira (16). Mas
a demora do posicionamento por parte do governo venezuelano gerou ruídos entre
autoridades de ambos os países. Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)
minimizou a situação, lembrando que os senadores podem recorrer a uma aeronave
normal para realizar a missão oficial. Ele disse ter se reunido com o ministro
da Defesa, Jaques Wagner, e disse acreditar em acordo com representantes do
país vizinho.
“A resposta não chegou, mas há muito rumor, porque a
disposição dos senadores é ir em avião de carreira. [Jaques] Wagner me disse
que não tem uma posição definitiva da Venezuela, mas esta também é uma questão
resolvida a partir da decisão dos senadores”, declarou Renan, que encaminhou um
comunicado da CRE em nome da Mesa Diretora do Senado.
Jaques Wagner também contemporizou. Para o ministro,
trata-se de um pedido “altamente corriqueiro”. “Qualquer avião da FAB, para
sair daqui para qualquer lugar, pede ordem de passagem pelo espaço aéreo [de
outro país] e ordem de pouso. Não é verdade que tenha sido negado nenhum
avião”, ponderou, com a resignação não manifestada pelo senador Aécio Neves
(PSDB-MG), que vai integrar a comitiva.
“Se não há uma autorização para que desçamos na Venezuela,
isso significa que não há uma vontade, na minha interpretação, do governo
venezuelano para que estejamos lá”, disse o tucano. “Nós vamos chegar a quem
administra o presídio [onde estão os oposicionistas] e pedir pra visitar. Se
ele disser não, como já disse a outros, nós levaremos isso em conta e faremos
outras manifestações”, arrematou Aloysio Nunes, que brincou ao responder, aos
risos, qual autoridade procuraria na Venezuela antes de visitar os presos. “O carcereiro.
” (Com Congresso em Foco)
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