PROCURADOR SUGERE AO TCU
PUNIÇÃO PARA AS PEDALADAS
Prestes a julgarem as contas da presidente Dilma Rousseff,
os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) já receberam o memorial do
procurador do Ministério Público de Contas junto ao TCU, Júlio Marcelo de
Oliveira. No documento, os ministros são alertados sobre a relevância da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) como parte essencial do exame das contas. O
memorial sugere a reprovação das contas do governo Dilma Rousseff em 2014.
“O que a Nação assistiu, perplexa, foi a uma verdadeira
política de irresponsabilidade fiscal, marcada pela deformação de regras para
favorecer os interesses da Chefe do Poder Executivo em ano eleitoral e não os
interesses da coletividade no equilíbrio das contas públicas”, afirma o
procurador de contas junto ao TCU.
O procurador
ressalta que a LRF configura verdadeira proteção da sociedade contra decisões
de gestão fiscal e financeira do país que possam pôr em risco o equilíbrio da
economia do país e das finanças públicas, especialmente em períodos de disputa
eleitoral”.
Júlio Marcelo lembra que fatos apurados em processo do
próprio Tribunal revelaram que foram praticadas graves e intencionais violações
à LRF no ano passado. Conhecidas como “pedaladas fiscais”, as manobras tiveram
o objetivo de expandir gastos públicos, sem sustentação
orçamentário-financeira. “Com a agravante de terem sido cometidas em ano
eleitoral, a indicar uma incidência em condutas que a LRF veio justamente
combater”, explica.
O procurador também elenca uma lista de outras graves
irregularidades. Dentre elas estão “omissões intencionais” na edição de
decretos de contingenciamento em desacordo com o real comportamento das receitas
e despesas do país e edição de decretos para abertura de créditos orçamentários
sem a “prévia, adequada e necessária” autorização legislativa, violando a Lei
Orçamentária anual, a LRF e a Constituição da República.
“A adequada qualificação dos fatos, a avaliação de sua
gravidade, bem como a percepção de seus efeitos para a economia do país compõem
a tarefa que esta Corte de Contas deve proceder para bem cumprir a elevada
missão que a Constituição Federal lhe outorgou”, ressalta. Para o procurador, a
correta identificação dos fatos pelo TCU e a atribuição das consequências
previstas em lei é medida necessária para a credibilidade das instituições
brasileiras e para a construção de uma democracia e de uma república em que
ocorra o verdadeiro império das leis e não uma república em que os governantes
possam fingir que estão cumprindo as leis.
Para Júlio Marcelo, uma inédita rejeição das contas do
governo pelo TCU, não deve ter impacto negativo sobre a credibilidade da
economia brasileira no mundo. “Bem ao contrário, o rigoroso funcionamento das
instituições é o maior sinal de credibilidade que uma nação pode emitir quanto
à sua confiabilidade, quanto à solidez de sua democracia, quanto à segurança de
que os atores da economia precisam para investir e promover o desenvolvimento
do país”, afirma. O procurador ressaltou que a credibilidade do país é abalada
pela prática de manobras fiscais e financeiras em desacordo com a legislação e
com os fundamentos macroeconômicos da nação. (Com Contas Abertas)
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