PLANO DE SAÚDE DOS CORREIOS
PAGOU R$ 1 MILHÃO POR CIRURGIA
O réu confesso João Maurício Gomes da Silva confirmou nesta
terça-feira (16) as denúncias que chegaram à Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Máfia de Órteses e Próteses. Uma única cirurgia de coluna custou quase
R$ 1 milhão. No mercado, sairia por R$ 200 mil. Além do custo, João Maurício
disse que ficou surpreso com a rapidez da aprovação dos procedimentos.
O esquema do qual fez parte o ex-assessor técnico da
Direção Regional dos Correios no Rio Janeiro teria desviado aproximadamente R$
10 milhões da gerência de saúde dos Correios no Rio.
Além do custo, João Maurício disse que ficou surpreso com a
rapidez da aprovação. "Ela deu uma passagem dentro da gerência que nenhuma
outra cirurgia havia dado. Parece que em 20 e poucos dias ela deu entrada, foi
aprovada e paga."
O presidente da CPI, deputado Geraldo Resende (PMDB-MS),
enfatizou que a urgência é algo que aproxima o formato do esquema do Rio com
aqueles investigados pela CPI das Órteses e Próteses. “Nesse caso, havia um
componente extra: a justiça. São médicos, distribuidoras, advogados que fazem
uma profusão de liminares, recorrem aos tribunais com um único objetivo:
auferir lucros, através de propinas."
Para o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), a mudança passa
pelo Judiciário. "Estão usando o Judiciário de forma malandra e o
Judiciário está de olhos vendados, ou rendido, validando esse tipo de
procedimento. Nós temos que desmontar esse esquema; essa é a razão de ser da
CPI."
A preocupação dos deputados agora é com o prazo: a CPI deve
funcionar até 17 de julho, a menos que seja prorrogada. O relator, deputado
André Fufuca (PEN-MA), trabalha com as duas hipóteses. "As pessoas que
foram indiciadas na CPI, as autoridades vão investigá-las. As notas, as quais a
CPI pediu por requerimento e teve acesso, elas serão averiguadas pelas
autoridades competentes. Então, nós não podemos dizer que nós vamos ter um
prejuízo absurdo na CPI.”
Para o deputado, com um a três meses a mais a CPI poderá
avançar; “porém o que vem demonstrando em todo o País e em todas as fábricas
que fazem isso é a utilização do mesmo método: cirurgias superfaturadas,
cirurgias sem necessidade e médicos recebendo comissão."
Os deputados aprovaram ainda 17 requerimentos, com pedidos
de investigação ou de convocações. Muitos pedidos têm relação direta com casos
ocorridos em Montes Claros, em Minas Gerais. A Polícia Federal realizou uma
operação na cidade e apontou a existência de um esquema de desvio de materiais
de hospitais públicos e a realização de cirurgias em troca de propina. A CPI
deve ir até a cidade para ouvir vítimas, testemunhas e acusados. (Com Agência
de Notícias da Câmara)
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