TCU CRITICA ATRASOS DAS
OBRAS NA ÁREA DA
SAÚDE
Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) considerou
injustificáveis os atrasos nas obras e serviços de Unidades Básicas de Saúde
(UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA). De acordo com o Tribunal, dentro
da amostra analisada, a maioria das obras concluídas foi entregue com atraso
(76%).
Além disso, o TCU apontou que outras 86 obras de construção
de UBS e de UPA ainda não foram concluídas e não estão paralisadas. Os
empreendimentos, portanto, encontram-se atrasados com relação ao seu cronograma
inicial, o que representou 95% da amostra analisada.
A fiscalização da Infraestrutura da Saúde foi composta por
dez auditorias em obras distribuídas em dez estados e 43 municípios, em que
foram avaliadas a construção de 119 UBS e 35 UPA, no valor total de R$
137.194.687,64.
Dentre as causas para o problema, a auditoria identificou o
modelo de repasse adotado pelo Ministério da Saúde, utilizando a sistemática
“fundo a fundo”, o qual foi visto como um fator decisivo para a ineficácia do
programa.
O ministro relator do processo, Benjamin Zymler, explica
que a transferência de recursos do Fundo Nacional de Saúde para a construção de
UBS e UPA é voluntária e deveria ser realizada somente mediante a prévia
celebração de convênios ou instrumentos congêneres.
Apesar disso, o Ministério da Saúde opta pela modalidade de
transferência fundo a fundo, sem a celebração de convênios. O objetivo é eximir
da obrigação de realizar a análise das prestações de contas por parte dos
órgãos recebedores de recursos, como a que ocorre no modelo tradicional, de
convênios, contratos de repasse ou instrumentos congêneres.
“Ocorre que os entes tomadores, na medida em que não estão
submetidos a prazos rígidos para a execução dos objetos, furtam-se de suas
obrigações, e os recursos repassados não têm a destinação pretendida pelo
concedente”, explica o relator.
O TCU também apontou que o repasse dos recursos é feito sem
um exame acurado dos projetos e das respectivas planilhas orçamentárias das
unidades de saúde, assim como da documentação relativa à titularidade do
terreno em que a obra será edificada, o que compromete o alcance dos objetivos
do programa.
Outro motivo para os problemas identificados nas obras foi
a ausência de prévia aprovação do projeto da unidade de saúde pelo órgão de
vigilância sanitária, fato que impossibilita a operação de empreendimentos já
concluídos ou exige adaptações em outras obras, com custos adicionais para o
poder público.
“É particularmente preocupante a existência de obras
paralisadas e/ou inoperantes que estão sendo deterioradas por intempéries ou
vandalismo, sem que os municípios estejam tomando as devidas providências para
sua retomada ou proteção”, afirmou o ministro.
Outro problema apontado pelo Tribunal é a inobservância dos
requisitos legais e técnicos de acessibilidade de pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, fato observado em 97,9% das obras
avaliadas.
Além dos atrasos, o TCU encontrou outras falhas. Dentre
elas estão a ausência ou inadequação de providências para retomar obras
paralisadas, tendo sido observadas 21 obras paralisadas ou 20% da amostra de
105 obras já iniciadas e execução de serviços com qualidade deficiente, achado
comprovado mediante verificação de que 46 unidades apresentaram problemas nesse
quesito, o que representou quase 87% das obras avaliadas. (Com Contas Abertas)
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