NOVO IMPOSTO PODERÁ
SUBSTITUIR PIS/COFINS
A Receita Federal estuda mudanças que poderão levar à extinção do
chamado PIS/Cofins, fonte de mais de 20% dos recursos tributários da União
(cerca de R$ 86 bilhões dos R$ 414 bi arrecadados de janeiro a abril de 2015).
A ideia é substitui-lo por uma só contribuição social, com alíquota única. O
objetivo é aprovar a mudança no Congresso neste ano para que ela entre em vigor
no início de 2016.
O impacto sobre o valor total recolhido pelas empresas deverá ser
neutro, acredita a Receita, para quem a medida reduzirá os custos
administrativos dos contribuintes. Isso porque vai simplificar uma tributação
cuja complexidade é amplamente reconhecida pelo Ministério da Fazenda, órgão ao
qual é vinculada à Secretaria da Receita Federal.
Se o plano da Receita der certo, serão aposentadas a Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e os Programas de Integração Social
e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) – que em seu
conjunto ficaram conhecidos pela sigla PIS/Cofins.
Simplificar para arrecadar mais |
Também na linha da simplificação tributária, os técnicos da área
trabalham numa proposta de eliminação de diversas declarações que as empresas
são obrigadas a prestar atualmente ao governo. Entre elas, a declaração de
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). Cogita-se até mesmo de pôr fim à
Relação Anual de Informações Sociais (Rais), que toda pessoa jurídica é
obrigada a mandar a cada ano para o Ministério do Trabalho.
Mudar parte dessa infernal realidade será possível por causa da
modernização do processamento dos dados informados pelos contribuintes. “Com a
nota fiscal eletrônica, por exemplo, aquilo que é informado pelo contribuinte
entra imediatamente na base de dados. Isso permitirá, por meio do cruzamento de
informações ou da integração de diferentes sistemas, eliminar várias
exigências, simplificando sobremaneira a vida do contribuinte”, explica um
técnico envolvido nos estudos.
Condenar várias das tais obrigações acessórias à lata de lixo, acredita
o Ministério da Fazenda, pode contribuir para criar um cenário mais propício à
retomada dos investimentos, num momento especialmente complicado.
Joaquim Levy, o ministro da Fazenda já comparado a Cristo pelo vice
Michel Temer, segue numa inglória cruzada para ajustar as contas públicas,
respaldado quase exclusivamente pelo apoio da presidente Dilma Rousseff. A
conjuntura econômica, como se sabe, é de encrenca de A a Z.
Por isso, a Fazenda vê uma vantagem a mais na alternativa oferecida pela
revisão das obrigações acessórias. É possível acabar com elas sem autorização
do Congresso, já que podem ser extintas por instrumentos legais como portaria
ministerial, instrução normativa da Receita ou – no caso da Rais – decreto
presidencial.
Quanto a Levy, segue sob questionamento à esquerda e à direita. No
primeiro caso, por causa dos custos sociais do ajuste econômico e pela
condenação à política de juros altos, que fará o Brasil gastar neste ano mais de
R$ 400 bilhões apenas para pagar os encargos de uma dívida pública que passa de
R$ 3,5 trilhões. E à direita, apesar do apoio que o ministro recebe do setor
financeiro e do grande empresariado, é crescente a desconfiança de que lhe
faltará apoio político para promover um ajuste do tamanho que o descontrole das
contas governamentais exige. Num caso e no outro, o que ninguém apresentou até
agora – nem mesmo a oposição, que não se cansa de bater nele – é uma proposta
concreta para enfrentar a crise de outra maneira. (Com Congresso em Foco)
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