CNJ PUNE QUATRO JUÍZES LIGADOS
A PREFEITO SUSPEITO DE
PEDOFILIA
Com a retomada, essa
segunda-feira (20), da apuração de denúncias de irregularidades e desvios de
conduta cometidos por servidores do Tribunal de Justiça do Amazonas, a
Corregedoria Nacional de Justiça voltará a investigar se o prefeito de Coari,
Adail Pinheiro, pode estar sendo beneficiado por juízes da comarca, suspeitos
de retardar o julgamento de vários processos em que ele é acusado de abusar
contra menores, ou crime de pedofilia.
Em 2010, os juízes Rômulo José
Fernandes da Silva e Hugo Fernandes Levy Filho tinham sido aposentados
compulsoriamente no mesmo processo administrativo (nº 2009.10.00.000787-9) em
que a juíza figurou como ré. Segundo o CNJ, Silva e Levy Filho foram condenados
por atuar em benefício da prefeitura de Coari, que disputava com a capital,
Manaus, o repasse da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) sobre a exploração de petróleo e gás natural em Coari. A
atividade petrolífera fez do município o segundo mais rico do Amazonas.
No mesmo processo
administrativo, outro magistrado, Elci Simões de Oliveira, foi censurado devido
a indícios de ter favorecido o prefeito. Três juízes foram absolvidos das
mesmas acusações. Apenas Ana Paula foi julgada separadamente, após recurso
obtido no Supremo Tribunal Federal.
O relator do processo
administrativo disciplinar instaurado contra Ana Paula foi o conselheiro do CNJ
Gilberto Valente Martins, agora designado para dirigir a correição que vai
atingir todas as unidades administrativas e judiciais da Justiça de 1º e 2º
graus e cartórios notariais e de registro, sem data para acabar. Martins disse
que vai pedir prioridade no levantamento de todos os processos relativos a Adail
Pinheiro.
No relatório que apresentou
durante o julgamento administrativo de Ana Paula, Martins sustentou que
havia provas documentais e testemunhais comprovando a proximidade irregular
entre a juíza e a prefeitura de Coari. Gravações telefônicas obtidas pela
Polícia Federal (PF) durante a Operação Vorax, de 2008, revelavam Ana Paula
pedindo vantagens para ela e para pessoas próximas, como carona em aviões
fretados pela prefeitura, uso de veículos alugados pelo município para fins
pessoais e ingressos para shows. Na defesa, Ana Paula negou ter pedido ou
recebido privilégios e disse que jamais beneficiou Pinheiro, com quem disse
manter apenas relações sociais, por se tratar de uma autoridade local. (Alex Rodrigues - Agência Brasil).
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