E A EDUCAÇÃO E A CULTURA
VÃO
PARA O LIXO!
O Ministério da Educação,
pródigo em distribuir verbas de publicidade para divulgar as virtudes (algumas)
e omitir os erros (muitos) na condução da Política para a Educação no Brasil,
está prestes a cometer mais um crime contra a Educação e a Cultura. Trata-se da
ameaça concreta de retirar da WEB a Biblioteca Virtual, desenvolvida em
software livre, que não precisa pagar licença autoral, mas oferece as mais
importantes obras da Civilização reunindo livros em português, vídeos,
fotografias e reprodução de trabalhos de artistas consagrados mundialmente,
como Leonardo Da Vinci, ou obras de autores como Machado de Assis ou reprodução
de música popular brasileira no formato MP3 de alta qualidade.
Só de literatura brasileira
são 732 obras de dezenas de consagrados autores, mas o acervo dessa biblioteca,
que pode ser acessado através do link www.dominiopublico.gov.br., sem pagamento de qualquer taxa de inscrição ou manutenção, pode ser
jogado literalmente no lixo a qualquer momento.
O MEC alega, falaciosamente,
que a medida – a desativação do portal “Domínio Público” – é uma decorrência
natural da baixa procura por parte de estudantes, professores e pesquisadores.
Já que a Petrobras, o Banco do
Brasil e a Caixa Econômica Federal investem em propaganda desnecessária – por
serem estatais e dispor de uma clientela cativa – tais órgãos governamentais poderiam
patrocinar campanha de divulgação da Biblioteca Virtual, bastando que a
Secretaria de Comunicação do Governo Federal comandasse um mutirão para salvar
a biblioteca virtual, atraindo a atenção dos ouvintes da quase inútil “Voz do
Brasil”, um modelo arcaico criado na Ditadura Vargas a pretexto de levara aos
rincões mais distantes do País a palavra de ordem do governo. O Governo também
poderia utilizar os serviços de uma agência, contratada especialmente para
monitorar e acompanhar o trabalho feito pelas redes sociais chapas brancas, que
atingem milhões de brasileiros diariamente, no sentido de informar aos
internautas da existência e da importância dessa ferramenta – a internet – para
popularizar a nossa cultura, seja a literatura, sejam os audiovisuais sobre
educação à distância utilizando a tecnologia da comunicação, ou a autêntica
música popular brasileira bombardeada diariamente pela mídia pirata e pela
baixa qualidade da produção musical em massa, onde a inspiração de um
Pixinguinha, um Heitor dos Prazeres, um Tom Jobim perdem espaço para músicas do
tipo “alalaô-lalaô-lalaô”, mas sem a criatividade de um Lamartine Babo, ou a
poesia de um Braguinha. Um bom exemplo do que pode ser feito para destruir a
MPB está no CD de Roberto Carlos, com músicas das mais tocadas em todos os
tempos em ritmo de funk, descaracterizando a obra do autor apenas para amealhar
para os produtores do disco alguns trocados a mais.
Nos tempos da Rádio Nacional,
era comum os críticos cariocas apontarem S. Paulo como o túmulo do samba, mito
que começou a ser demolido com o surgimento de compositores do padrão de
Adoniram Barbosa e Paulo Vanzolini e outros autores menos longevos. Não podem dois frustrados candidatos na
disputa pelo Governo de São Paulo – o Ministro da Educação Aloízio Mercadante e
a Ministra da Cultura Martha Suplicy – transmudarem-se em coveiros da Cultura
Nacional, destruindo, por displicência ou omissão, uma obra que levou décadas
para se consolidar como marco na defesa da Cultura Nacional, a Biblioteca
Virtual do MEC. (Crônica originalmente
publicada na edição desta terça-feira (21) do jornal “Capital, Mercado &
Negócios)
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