terça-feira, 21 de janeiro de 2014

E A EDUCAÇÃO E A CULTURA 
VÃO PARA O LIXO! 
O Ministério da Educação, pródigo em distribuir verbas de publicidade para divulgar as virtudes (algumas) e omitir os erros (muitos) na condução da Política para a Educação no Brasil, está prestes a cometer mais um crime contra a Educação e a Cultura. Trata-se da ameaça concreta de retirar da WEB a Biblioteca Virtual, desenvolvida em software livre, que não precisa pagar licença autoral, mas oferece as mais importantes obras da Civilização reunindo livros em português, vídeos, fotografias e reprodução de trabalhos de artistas consagrados mundialmente, como Leonardo Da Vinci, ou obras de autores como Machado de Assis ou reprodução de música popular brasileira no formato MP3 de alta qualidade.
Só de literatura brasileira são 732 obras de dezenas de consagrados autores, mas o acervo dessa biblioteca, que pode ser acessado através do link www.dominiopublico.gov.br., sem pagamento de qualquer taxa de inscrição ou manutenção, pode ser jogado literalmente no lixo a qualquer momento.
O MEC alega, falaciosamente, que a medida – a desativação do portal “Domínio Público” – é uma decorrência natural da baixa procura por parte de estudantes, professores e pesquisadores.
Já que a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal investem em propaganda desnecessária – por serem estatais e dispor de uma clientela cativa –  tais órgãos governamentais poderiam patrocinar campanha de divulgação da Biblioteca Virtual, bastando que a Secretaria de Comunicação do Governo Federal comandasse um mutirão para salvar a biblioteca virtual, atraindo a atenção dos ouvintes da quase inútil “Voz do Brasil”, um modelo arcaico criado na Ditadura Vargas a pretexto de levara aos rincões mais distantes do País a palavra de ordem do governo. O Governo também poderia utilizar os serviços de uma agência, contratada especialmente para monitorar e acompanhar o trabalho feito pelas redes sociais chapas brancas, que atingem milhões de brasileiros diariamente, no sentido de informar aos internautas da existência e da importância dessa ferramenta – a internet – para popularizar a nossa cultura, seja a literatura, sejam os audiovisuais sobre educação à distância utilizando a tecnologia da comunicação, ou a autêntica música popular brasileira bombardeada diariamente pela mídia pirata e pela baixa qualidade da produção musical em massa, onde a inspiração de um Pixinguinha, um Heitor dos Prazeres, um Tom Jobim perdem espaço para músicas do tipo “alalaô-lalaô-lalaô”, mas sem a criatividade de um Lamartine Babo, ou a poesia de um Braguinha. Um bom exemplo do que pode ser feito para destruir a MPB está no CD de Roberto Carlos, com músicas das mais tocadas em todos os tempos em ritmo de funk, descaracterizando a obra do autor apenas para amealhar para os produtores do disco alguns trocados a mais.
Nos tempos da Rádio Nacional, era comum os críticos cariocas apontarem S. Paulo como o túmulo do samba, mito que começou a ser demolido com o surgimento de compositores do padrão de Adoniram Barbosa e Paulo Vanzolini e outros autores menos longevos.  Não podem dois frustrados candidatos na disputa pelo Governo de São Paulo – o Ministro da Educação Aloízio Mercadante e a Ministra da Cultura Martha Suplicy – transmudarem-se em coveiros da Cultura Nacional, destruindo, por displicência ou omissão, uma obra que levou décadas para se consolidar como marco na defesa da Cultura Nacional, a Biblioteca Virtual do MEC.  (Crônica originalmente publicada na edição desta terça-feira (21) do jornal “Capital, Mercado & Negócios)

Nenhum comentário: