BELTRAME DESNUDA O OBJETIVO
ELEITOREIRO DAS UPPs DE CABRAL
Na entrevista que concedeu na manhã deste domingo (30),
pouco depois da confirmada a total ocupação do Complexo da Mare pela Polícia
Militar, com ajuda de blindados da Marinha, tal e qual ocorreu no Complexo do
Alemão no dia 28 de novembro de 2010, o Secretário de Segurança do Rio de
Janeiro, José Mariano Beltrame, reafirmou o que vem dizendo há mais de 3 anos:
sem a presença efetiva do Poder Público nas áreas ocupadas pela PM, não haverá
pacificação. Ele voltou a cobrar a presença permanente do Poder públicos com os
serviços devidos ao cidadão, como acesso ao saneamento básico, à uma educação
de qualidade, a uma assistência médica universal, a coleta diária de lixo, a
poda de árvores, a implantação e a consequente manutenção de serviços básicos,
como segurança, telefonia, entrega de correspondência e de mercadorias, e até o
simples reconhecimento e cadastramento de ruas, becos e vielas nas comunidades
mais carentes.
Uma das principais causas do elevado índice de empregados
sem carteira assinada entre os morados dessas comunidades é a falta do CPE –
Cadastro de Endereço Postal, pois, sem serviços como água e esgotos, ou
telefonia, os moradores dessas comunidades não conseguem emprego, muito menos
utilizar o crediário oferecido pelas lojas, pois, sem conta de luz, água ou
telefone, o cidadão simplesmente não existe.
Quando foi anunciado a implantação as Unidades de Polícia
Pacificadoras – UPPs – todo mundo esperava que, com os PMs, viessem também
outros serviços públicos, mas o governo viu nas UPPs um atalho para conquistar
o eleitor e deixou de lado a parte mais difícil do projeto: oferecer serviços
que estão disponíveis em bairros como Ramos, Copacabana, Barra da Tijuca e
Flamengo, tais como coleta de lixo, abastecimento de água, rede coletora de
esgotos, escolas e creches, bem como postos de saúde devidamente aparelhadas
não só com médicos, mas também com pessoal de apoio especializado, instalações condignas
para servidões e usuários, bem como segurança ano trabalho para quem tem que
bater ponto em tais comunidades.
É um fato notório que, com a ausência do Poder Público, a
“assistência social”, inclusive para resolver brigas de casais, é intermediada
pelos traficantes ou integrantes de milícias, que substituem o Estado em tais
circunstâncias. O traficante Fernandinho Beira Mar, por exemplo, disse em uma
entrevista que começou na carreira de crimes assaltando caminhões de entrega
que passavam pela Rodovia Washington Luiz, cujas mercadorias, principalmente
alimentos, rupas e eletrodomésticos, eram distribuídos aos moradores da Vila
Beira Mar, uma favela espremida entre a Bahia de Guanabara e a BR-040. Como bem
feitor da comunidade, Fernandinho conseguia sempre escapar da polícia, além de
capitanear seu papel de exótico “Robin Hood” em favor da quadrilha.
No Governo Washington Reis, a prefeitura começou a
construir um posto de saúde no terreno antes ocupado por uma indústria química,
no sopé do Morro da Telefônica, no bairro Centenário. Inaugurado pelo seu
sucessor, Zito, pouco tempo depois foi desativado pela Secretaria de Saúde do
município, pela falta de segurança para médicos, pessoal de apoio e pacientes.
Agora, com a instalação de uma UPP no alto do Morro da Telefônica, o prefeito
Alexandre Cardoso promete reformar o local e reabrir como Posto de Saúde da
Família.
A mesma situação vive
hoje o pessoal lotado no Posto de Saúde de Parada Angélica, no terceiro distrito, pois
quase todos os dias médicos, funcionários de apoio e pacientes são assaltados
dentro do posto, por bandidos que controlam o tráfico de drogas numa violenta
favela no bairro Santa Lucia, também em Imbariê. Os marginais são
foragidos da Vila Cruzeiro invadida pela Polícia em 2010, junto com o Complexo
do Alemão, mas o governador está mais preocupado em sair bem nas fotos sobre a
ocupação de favelas, sem se preocupar com o “Day After”, isto é, levar serviços
públicos para os moradores das favelas pacificadas.
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