MP DO TRABALHO COBRA DO GOVERNO A
APLICAÇÃO DA CLT NO “MAIS MÉDICOS”
O Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressou nesta quinta (27) com
ação civil pública na 13ª Vara do Trabalho de Brasília pedindo que o governo
reconheça relação de trabalho entre a União e os profissionais contratados pelo
Mais Médicos, brasileiros e estrangeiros.
Para o relator do processo, procurador Sebastião Caixeta, os médicos do
programa exercem o mesmo trabalho em comparação aos profissionais que estão
fora do Mais Médicos. De acordo com o procurador, a especialização é uma forma
de mascarar a relação de trabalho existente.
“O Ministério Público fez inspeções e verificou que o trabalho dos
médicos integrantes do Mais Médicos é idêntico ao dos outros médicos, inclusive
com a mesma jornada, com a mesma distribuição de pacientes. Não há como ter a
diferenciação que o governo dá, o tratamento jurídico tem que ser idêntico”,
defendeu, acrescentando que a própria lei que cria o programa mostra que o
objetivo é levar médicos para locais onde não há esses profissionais.
A medida provisória que criou o programa diz que os médicos farão um
curso de especialização durante o programa e, por isso, receberão a remuneração
por meio de bolsa de estudos.
O MPT quer que os médicos recebam todos os direitos trabalhistas
previstos na Constituição, como férias remuneradas com adicional de um terço do
salário e décimo terceiro salário.
Na ação, o ministério pede que a Justiça torne ineficaz as cláusulas dos
contratos com os médicos cubanos que restringem os direitos individuais dos
profissionais, como relacionamento com estrangeiros, manifestação de opiniões e
se locomover em território nacional.
Foi solicitado ainda que o governo deixe de repassar o salário dos
médicos cubanos ao governo de Cuba ou à Organização Pan-Americana da Saúde, sob
pena de pagamento de multa diária de R$100 mil. A aplicação da mesma multa é
pedida para casos como não pagamento do décimo terceiro salário e férias
remuneradas com pelo menos um terço a mais do salário normal e descumprimento
de licenças-maternidade e paternidade.
De acordo com Caixeta, houve várias reuniões com o governo para ajustar
as irregularidades, mas não houve resultado. A União tem 72 horas para se
manifestar, e só então a Justiça irá analisar os pedidos. (ABr).
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