PETROBRÁS ENFRENTA PROBLEMAS
NAS OBRAS DAS NOVAS REFINARIAS
Criadas para acelerarem os investimentos em
infraestrutura do país, diversas obras do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) não estão imunes aos problemas administrativos. Dentre as cinco maiores
obras do programa, três refinarias sob responsabilidade da Petrobras entraram
no orçamento de 2014 com irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da
União (TCU). As cinco maiores obras do PAC somam previsão de investimentos de
cerca de R$ 139,7 bilhões.
As obras que tiveram irregularidades apontadas pelo TCU
foram as de implantação da Refinaria Premium (Maranhão), construção da
Refinaria Abreu e Lima (Pernambuco) e do Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro. A maior obra do PAC em termos de recursos a serem aplicados é a
implantação da Refinaria Premium I, no Estado do Maranhão. A principal constatação do TCU foi a
existência de atrasos injustificáveis nas obras e serviços. O volume de
recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 725,3 milhões, que corresponde
ao valor do contrato celebrado para a realização dos serviços de preparação do
terreno onde será implantada a futura refinaria. A implantação da refinaria
Premium I é responsabilidade da Petrobras. A obra fica no município de
Bacabeira, no Maranhão.
A segunda maior obra do programa, a da Refinaria de Abreu
e Lima, também está na lista de irregularidades do TCU. A auditoria do Tribunal
constatou problemas no projeto básico, que tem possíveis deficiências na
definição do tipo de solo, dados geotécnicos e quantificação de quantidades de
estruturas metálicas. Conforme relatório da Corte de Contas, há inadequação das
providências adotadas pela administração para sanar interferências que possam
provocar atraso na obra, constatando-se que diversos atrasos ocorreram nas
obras da refinaria e, principalmente, nas obras do contrato “Tubovias”, que são
as interligações entre as unidades de processo, que operam desde o recebimento
do óleo cru (tanques de óleo bruto) até o ponto de expedição dos produtos
refinados.
Outra refinaria com irregularidade completa o “top 3” de
grandes obras do PAC. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj),
iniciado em 2008 na cidade de Itaboraí (RJ quando em operação, previsto para o
fim de 2014, terá capacidade de processar 165 mil barris de petróleo pesado por
dia, da Bacia de Campos, para produzir petroquímicos (plásticos, por exemplo),
diesel, nafta e coque. Segundo o governo federal, a obra deverá gerar mais de
200 mil empregos diretos e indiretos e tem investimento inicial previsto de R$
22,1 bilhões.
Se consideradas as 10 maiores obras do PAC, a construção
da Usina Termelétrica Nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro, é a que apresenta o
maior número de problemas de acordo com o TCU. Relatório do Tribunal apontou
inadequação no orçamento do edital, do contrato e do aditivo de contrato,
superfaturamento decorrente de preços excessivos frente ao mercado, licitação
realizada sem contemplar os requisitos mínimos exigidos pela Lei 8.666/93, além
de descumprimento de determinação exarada pelo TCU. Único projeto nuclear em
andamento no país atualmente, a usina de Angra 3 é o sexto maior empreendimento
do PAC, com cerca de R$ 10 bilhões de investimentos previstos. A previsão é que
a Usina vá gerar uma média de 1.124 MW e seja concluída em 2016. O reator é o
mesmo de Angra 2, do tipo PWR, com projeto da Siemens/KWU, atual Areva NP. A
usina de Angra 3 está localizada na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ),
onde já funcionam Angra 1 e 2. Sua construção foi paralisada na década de 1980
e retomada em 2008. Hoje, cerca de 10% das obras estão realizadas. O volume de
recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 4,3 bilhões. Esse montante é
composto pelo valor atualizado de R$ 1,3 bilhão, referente aos serviços de
construção civil, já em seu aditivo 26 de contrato, e o valor estimado para
contratação da montagem eletromecânica, no valor de R$ 3 bilhões.
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