MPF DENUNCIA DESVIO DE R$ 7,5
BI EM FUNDO DE PENSÃO DO BB
O Ministério Público Federal (MPF)
no Rio de Janeiro ajuizou nesta quarta-feira (2) ação civil pública, com pedido
de liminar, contra a Superintendência Nacional de Previdência Complementar
(Previc) por permitir a reversão ilegal de valores de fundos de pensão às
empresas patrocinadoras. Por conta de uma manobra, a Caixa de Previdência do
Banco do Brasil (Previ), por exemplo, transferiu ilegalmente mais de R$ 7,5
bilhões para o Banco do Brasil em detrimento dos participantes de um de seus
planos de benefícios. (Processo nº 2014.51.01.114138-1 JF/RJ)
De acordo com a Lei
Complementar n° 109/2001, os fundos de pensão devem calcular o montante
necessário para cumprir com as despesas e obrigações de cada um de seus planos
de benefícios. O valor que esteja até 25% acima desse limite deve compor uma
reserva de contingência. Caso o superávit ultrapasse esse limite, deve haver a
readequação do plano de benefícios.
Por meio de uma resolução,
editada em 2008, o Conselho de Gestão de Previdência Complementar (CGPC) passou
a permitir que, em casos de revisão dos planos de benefícios, parte das
reservas acumuladas pelos planos fosse apropriada também pelas empresas que os
patrocinam, contrariando a lei. Na ação ajuizada, o MPF ataca as autorizações
concedidas pela Previc com base nessa resolução ilegal.
A Caixa de Previdência do
Banco do Brasil, por exemplo, não seguiu o mesmo caminho de outros fundos, que
formalizaram na Previc um pedido de autorização de reversão aos patrocinadores.
Ela obteve a autorização para uma mera "alteração regulamentar" que
embutiu a transferência ilegal de reservas de um de seus planos de benefícios
para uma conta a ser utilizada pelo Banco do Brasil, "a critério do
próprio banco". Isso foi feito com a tolerância da Previc, mesmo com
manifestação contrária da Secretaria do Tesouro Nacional, e gerou a
transferência ilegal, até agora, de R$ 7,5 bilhões aos patrocinadores da Previ,
em detrimento dos participantes de um de seus planos de benefícios.
De acordo com o procurador da
República Gustavo Magno Albuquerque, responsável pela ação, “a norma que rege
os fundos de pensão estabelece um sistema bastante claro para os casos de
superávit dos planos de benefícios. A resolução editada pelo governo viola
gravemente todo o sistema, quebra seus princípios e desvirtua os fundos. Além
disso, as ações e omissões ilegais da Previc, aliadas a interesses de bancos e
outras grandes empresas, impõem a urgente correção de uma ilegalidade
bilionária."
Diante dessa situação ilegal,
o MPF pede a anulação de todos os atos pelos quais a Previc permitiu ou
tolerou, nos últimos cinco anos, as reversões de recursos de planos de
benefícios em favor das empresas que contribuem para esses fundos. Além disso,
o MPF quer também que a Previc seja condenada a adotar todas as medidas
administrativas que assegurem e promovam o retorno ao estado anterior dos
valores revertidos ilegalmente das reservas especiais dos fundos de pensão.
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